domingo, 3 de abril de 2011

BLINK, a decisão num piscar de olhos, de Malcom Gladwell.


Pessoal, segue uma resenha, de minha autoria, da obra em questão.


Como leitora incondicional, sugiro que leiam a obra na íntegra....



Boa leitura!



Como introdução da obra, Gladwell trata do caso de uma escultura, aparentemente Grega e muito antiga, que seria adquirida pelo museu da Califórnia que, no entanto, deixa especialistas inquietos quanto a sua veracidade. Com o passar do tempo a verdade acerca da obra apareceu, confirmando ser era uma escultura falsificada.

O livro trata das impressões iniciais que temos sobre as coisas. Para confirmar que os primeiros segundos que olhamos algo são importantes o escritor relata um caso de uma pesquisa em Iowa, com cartas, na qual os pesquisados perdiam ao escolher cartas vermelhas e, antes mesmo de terem a consciência disto.

Sua atividade cerebral gerava stresse, ou seja, neste momento o cérebro usa duas estratégias muito diferentes, a do consciente, a que estamos mais familiarizados e a do pensamento rápido e frugal. Atentando-nos apenas para o que é realmente relevante a nossa vida.

O que para a psicologia, hoje, é um dos mais importantes pontos de estudo, visto que os seres humanos somente conseguiram sobreviver até hoje porque desenvolveram um dispositivo de tomada de decisões rápidas: o inconsciente adaptável.

O primeiro ponto do livro é convencer que tanto decisões pensadas quanto as não pensadas podem ser igualmente boas; e o outro é explicar que nosso “computador interno” pode falhar.

Podemos ser traído por emoções, mas, principalmente é papel do texto mostrar que podemos trabalha a capacidade de analisar instintivamente as coisas.

CAPÌTULO I: A Teoria das Fatias Finas

Há o relato da entrevista de Bill e Sue, que conversam sobre suas duas cachorras no laboratório do amor, de John Gottman, da Universidade de Washington. Tal pesquisador entrevistou cerca de três mil casais e definiu SPAFF, um sistema que decodifica vinte categorias de emoções distintas, expressas pela conversa dos casais no momento das entrevistas, e mediante a este, pode prever, com 95% de precisão se estes casais estarão juntos há 15 anos, o que o pesquisador define como “fatiar fino”. A capacidade de nosso inconsciente para encontrar padrões em situações e comportamentos com base em fatias muito finas de experiência. Gottman explica sobre os padrões da SPAFF, que se repetem, mas assumem, como na língua falada, uma sonoridade diferente com relação a quem fala. Mostra também a questão dos operadores alemães de código Morse na Segunda Guerra, os quais eram reconhecidos pela cadência de suas mensagens, o que possibilita inúmeras deduções relativas aos seus comportamentos e realidade do ambiente em que eles interagem. Gottman registra padrões positivos e negativos sobre as emoções e constata que não precisa muito para perceber o padrão inteiro de um gráfico, muito parecido com o mercado de ações e explica que quando os índices começam só a cari a tendência é que 94% avançam para o fim, ou seja, é uma indicação do todo. Para ele, tudo se decide pó algumas emoções, chamadas “quatro cavaleiros” e dentre elas o desprezo, pois se encontra esta emoção em um ou nos dois parceiros, indica que existe ou existirá problema, pois desprezar é tentar colocar o outro em um plano inferior ao seu. Outra possibilidade de fatiar fino, é que para aprender sobre uma pessoa, o psicólogo Samuel Gosling produziu o inventário dos Cinco Grandes, um questionário que permite conhecer as pessoas sob cinco aspectos, apenas olhando os cômodos da casa em que esta pessoa vive. Primeiro entregou a amigos íntimos e 80 estudantes, o que mostrou que aqueles o conheciam muito. Ele repetiu as pesquisas, agora com estudantes que nunca havia conversado para que observassem os mesmos cômodos e registrassem suas impressões. Sob os pontos relativos à afavabilidade e solicitude os conhecidos acertaram mais, mas quanto aos outros pontos os estudantes desconhecidos fizeram um melhor trabalho, o que no todo teve um maior peso 3 contra 2.

O psicólogo alerta que o preconceito sobre o que vimos, assim como o que as pessoas falam de si mesmas é algo desorientador, mas o seu quarto diz coisas sobre sua personalidade que não perceberemos mesmo convivendo por muito tempo. Em uma análise mais profunda, Alice Burkin, advogada especializada em negligência médica diz que médicos altamente qualificados sofrem mais processos do que outros com menor qualificação. Estes últimos dão maior atenção e tratam melhor seus pacientes do que aqueles; é o caso da paciente com câncer no sei que foi descoberto pelo ginecologista, mas negligenciado pelo radiologista, a quem ela se negava processar. A pesquisadora médica Wendy Levinson descobriu que cirurgiões que nunca haviam sido processados passavam 18,5 minutos com seus pacientes, enquanto outros, que foram processados duas vezes, passavam 15 minutos, embora não houvesse diferença na qualidade ou quantidade das informações proferidas. A psicóloga Nalini Ambady selecionou algumas fala e retirou os sons de alta frequência destas entrevistas, ou seja, o que se ouviu foi um desconexo, avaliado por juízes que percebiam pelo tom da voz quais médicos seriam processados. Outras experiências foram relatadas por Gladwell, tais como as decisões de generais e de diretores de cinema, confirmando que as impressões são importantes na tomada de decisão.


CAPÍTULO II: A Porta Trancada

Vic Braden, um tenista e treinador, descobriu que sempre percebia quando os atletas cometeriam uma dupla-falta nos jogos, coisa rara de acontecer, era algo de que ele não tinha consciência de como realizava, mas tinha acerto de 100%, algo que, assim como os peritos da estátua, da escolha de cartas ou dos médicos a serem processados, ele não sabia explica. Na maioria das vezes não sabemos explicar e temos de aceitar que a intuição é o caminho para o sucesso, pois caso o contrário as coisas podem ficar confusas. O psicólogo John Bergh realizou uma pesquisa com palavras que incutiam a idéia de velhice, e ao sair da sala de testes as pessoas já apresentavam o reflexo da velhice nos seus corpo. Outro teste interessante tratado no livro foi o que mostrava quais pessoas foram treinadas para serem polidas e quais pessoas não seriam polidas em uma situação de espera por dez minutos para se pronunciar, o resultado foi positivo, pois 82% dos envolvidos aguardaram o tempo e somente se dirigiram à pessoa com quem deveriam falar após esta ficar “liberada” da conversa encenada. Bergh ainda, pó meio do teste das palavras solicitou que um grupo pensasse como professores e outros como hooligans para responde perguntas e o resultado foi que o grupo que deveria pensar como professores estava imbuído da idéia de inteligência, polidez e conhecimento, enquanto o outro traduziu a agressividade de seu grupo. Essa realidade se traduziu para a pesquisa de Claude Stelle e Joshua Anonson, quando perguntaram aos entrevistados negros qual era a sua raça e estes universitários desempenharam o teste com a metade dos erros que desempenhariam se não fossem questionados sobre isto, visto que muitos, ao tentar explicar o que aconteceu disse que não se sente muito inteligente para estar na universidade, devido ao estereótipo criado. Portanto fica-nos claro que o que pensamos se livre-arbítrio é, muitas vezes ilusão. Antonio Damásio, ao estudar paciente com lesões no córtex, os quais não conseguem tomar decisões, são racionais, mas carecem de julgamento, no entanto, mesmo sem poder decidir, lançam mão de estratégias que os deixem longe de perdas. O pesquisador também aplicou o teste das cartas vermelhas, e algo fazia com que estes pacientes escolhesse as cartas menos perigosas, as azuis, mas sem estresse, nem transpiração. A organização de namoros rápidos, hoje já muito difundido, serviu de pesquisa, quando enfatizou reduzir o tempo de namoro ou a escolha de parceiros a um simples julgamento e em entrevistas de 6 minutos, sem que escolhas fossem explicadas. Aparentemente as pessoas se identificavam, se atraiam ou repeliam muito rapidamente, no entanto quando eram questionadas de forma a explicar por que escolheram este ou aquele companheiro, ficavam profundamente confusas. Segundo Gladwell temos duas mentes, uma consciente e bloqueada, que julgamos conhecer e outra, inconsciente e livre, e devemos tomar cuidado com as interpretações que a mente consciente faz com as informações da mente inconsciente, pois no que se trata de sentimentos, por exemplo, os dados foram confusos.

CAPÍTULO III: O Erro de Warren Harding

Harding era branco, distinto, um semideus e não era tão bom assim com a política, mas a impressão de Daugherty o convenceu a pensar nos partido Republicano e logo em seguida chegou à Casa Branca, visto hoje, com unanimidade, como o pior presidente americano. Este erro, o de escolher o homem por sua aparência, Gladwell chamou de o lado sombrio da cognição, ou seja, o problema de fatiar fino, pois em alguns casos saber mais sobre o outro faz toda a diferença. Greenwald, Benaji e Nosec criaram a ferramenta IAT (teste de associação implícita) o qual consiste nos resultados das conexões que fazemos de idéias pré- concebidas, tais como crenças culturais. É preciso saber que o IAT não é sutil, mas vai direto ‘as conclusões e, cada vez em que temos de fazer associações com categorias diferentes, que dizem respeito ao sexo feminino, cor ou minorias o teste se torna mais complexo, pois, segundo Gladwell, para ele, descendente de mãe jamaicana, é muito difícil associar algo bom a um negro. Desta forma o autor chega a conclusão que o IAT mostra que atitudes inconscientes podem ser incompatíveis com valores conscientes declarados. A altura sugere, nos homens, altos cargos, haja vista que dos 500 maiores CEOs de empresas, a grande maioria é branco, com 1,85 e não há quase mulheres e homens baixos, mas uma exceção que vai contra a questão da cor e da altura, pois Kennth Chenault, CEO da American Express é baixo e negro. O vendedor de carros, Golomb, hoje diretor da Nissan de New Jersey, vendeu durante muito tempo uma média de 20 carros por mês, mais do que o dobro da média de vendedores comuns e isto se explica pela sua inteligência, tranqüilidade, observação, nobreza, cautela e atenção com os clientes. No entanto o que chama atenção ao ver Golomb é o fato de que ele faz julgamentos rápidos das necessidades e do estado mental de seus clientes, bem como não pré julga os seus clientes pela aparência os pelas roupas que estão usando, o que faz a maiorias dos vendedores, cometem o erro de WH. O psicólogo Ayres organizou uma equipe com características semelhantes: homens e mulheres jovens, universitários e com faixa etária de 25 anos. Eram divididos por sexo e por cor, os quais deveriam ir a uma concessionária, esperar a abordagem do vendedor, escolher o produto mais barato e tentar pechinchar. O resultado foi que os vendedores concederam menores descontos às mulheres e aos negros, associando, como no teste de IAT os “otários” às mulheres e/ou às minorias. A discriminação inconsciente é complexa, pois nossas primeiras impressões são geradas por nossas experiências ambientais.

CAPÍTULO IV: A Grande vitória de Paul Van Riper

Rip, apelido carinhoso para o fuzileiro engajado, o qual passou a ser comandante, anotava suas idéias, era severo, justo, estudioso de guerra e tinha idéias muito claras acerca do que queria. Afugentar inimigos, mesmo que estivessem em maior número era uma de suas virtudes. No Desafio do Milênio, jogo de guerra americana, Paul Van Riper foi convidado para participar como Comandante Insubordinado, antiamericano, a fim de o Pentágono poder testar um conjunto de novas técnicas de guerra, baseadas na tecnologia. A equipe americana, AZUL tinha a disposição tecnologia e informação, das mais variadas, referente ao opositor, a equipe VERMELHA, liderada por Riper. Aquela acreditava que a guerra prevê não só militares, mas o estudo de estratégias de como o adversário pode ter seus sistemas dilacerados, no entanto a equipe AZUL foi derrotada pela VERMELHA, que contava com o comandante Riper, com a cognição intacta. Outro exemplo da cognição usada de forma vitoriosa foi a encenação improvisada do grupo Mother, em Manhattan. Ao ouvir a platéia gritar a palavra “robô”, a líder do grupo pensou no esfriamento das relações humanas por conta do desenfreado da tecnologia. A comédia da improvisação consiste na tomada de decisão rápida, por instinto, sem qualquer consulta de informação. Há pessoas atuando, compondo falas e personagens diante de nossos olhos. No entanto, atores deste tipo de peça, embora sejam loucos, são extremamente formais e até, algumas vezes chatos, pois ensaiam por longas horas os mais diversificados temas; improvisam com base em algo que conhecem e que instintivamente se apoderam naquele momento específico, exatamente como o comandante Riper, criou condições para que sua equipe agisse e vencesse a batalha. Quando Riper esteve na Ásia pela primeira vez, a cada momento que ouvia tiros passava um rádio para os soldados para saber o que acontecia e nunca sabiam nada mais do que ele já sabia, então parou de se preocupar, pois é preciso deixar que as pessoas resolvam as coisas. Embora o próprio Riper admitisse ser uma maneira confusa de tomar decisões, precisava confiar em seus subordinados, isto estimula a cognição rápida, como reconhecer rostos, por exemplo, que no todo são mais identificáveis do que se tivermos de escrever seus detalhes. As imagens pipocam na cabeça é o todo que vemos em fração de segundos. As pesquisas sobre o a lembrança e o esquecimento de rostos, iniciou com o psicólogo Jonathan W. Schooler e denomina o fato de não conseguirmos descrever, escurecimento verbal, pois hemisfério esquerdo do cérebro, que pensa em palavras não é ativado. Esta explicação serve para resolver muitos outros problemas, como o caso de que todas as crianças se parecem inicialmente e que todos os médicos são homens. Em um problema como o da pirâmide, em que é preciso retirar a nota de cima da base da pirâmide invertida sem que esta caia, as pessoas criam estratégias, mas não conseguem explicar o que ou como fizeram, diferentemente, da resolução de problemas lógico-matemáticos. Gary Klein relatou a retirada do tenente bombeiro que tomou uma acertada decisão, sem saber o motivo, salvou a sua e a vida de seus companheiros. Ao pensar e relatar a Klein o que sentiu no momento desta decisão o bombeiro disse que o fogo se comportava de forma muito estranha na cozinha, porque não cedia à água, estava com uma temperatura mais alta que o normal e era silencioso, mas tudo isto veio a sua cabeça, sem que ele pensasse, discutisse ou analisasse. Foi o momento, assim como enquanto a equipe AZUL discutia, a VERMELHA agiu. No hospital Cook County, muitas eram as faltas de recursos e as pessoas, que por ano, chegavam a 250 mil, necessitavam. Neste contexto, muitas pessoas tinham dores do peito e eram diagnosticadas com ataque cardíaco, o que quase sempre um diagnóstico errado. Com isto e poucos recursos, o Cardiologista responsável estudou a teoria da década de 70 de Lu Goldman, a fim desenvolver regras estatísticas para melhorar o acerto dos incidentes cardíacos reais, visto que se gastava muito com pacientes por erro médico. O médico conseguiu combinar os dados do eletrocardiograma com os principais fatores de risco, como a dor, fluído no pulmão e a pressão alta e montou uma tabela, que se mostrou 70% mais precisa do que o método antigo utilizado no hospital. Em alguns casos, quanto mais informação temos para analisar, mais podemos realizar, como o caso do psicólogo que analisou a vida de Kidd, um veterano da Guerra do Vietnã, por meio de relatos da guerra e o grupo que o auxiliava com informações foi verificando que quanto mais informações eram dadas aos psicólogos que realizavam a análise, mais certeza e segurança eles tinham do que analisavam.

CAPÍTULO V: O dilema de Kenna - a maneira certa e errada de perguntar às pessoas o que elas querem.

Os pais de Kenna queriam que ele soubesse das coisas da vida, como dinheiro; e o tio dele falava de música, mas kenna queria mesmo saber de skate, mas com 11 anos descobriu a música. Ele é gentil, educado e modesto. Começou a tocar piano, participou de programas de calouros e compôs músicas difíceis de serem classificadas. Produtores amaram seu trabalho e indicaram a Kallman, produtor do U2, que também se apaixonou por sua música. Então ele teve um clip na MTV2, gravou um CD inteiro, o qual não foi bem aceito por não ser comercial para as rádios. Kenna sabia de música, esteve em contato com pessoas que também sabiam de música e, no entanto, não obteve sucesso. Dick Morris teve insights aplicando as técnicas do cinema holliwoodiano na propaganda eleitoral do ex-presidente Clinton, o que remete o autor do livro ao caso da preferência, em 57 por cento dos questionamentos de pesquisa da Pepsi pela Coca cola, pois os testes eram realizados em goles e, em pouca quantidade, a Pepsi agradava mais ao público por ser mais doce. A Coca tentou mudar a fórmula, criou a New Coke, que não deu em nada. Voltou para a Coca Cola Classic, pois o que foi percebido na pesquisa era o valor que a marca Pepsi agregava aos consumidores, pois quando os testes eram dar uma caixa da bebida para degustação na casa do consumidor a Coca liderava as pesquisas. Cheskin pesquisou o motivo porque era tão difícil vender margarina, mas percebeu que ao inserir cor e um nome pomposo, como Imperial Margarine, juntamente a uma embalagem expressiva as pessoas compravam, assim como quando pesquisou porque, entre duas marcas conhecidas e equivalentes de conhaque, uma se destacava. Descobriu que o que uma das marcas perdia era no desenho de sua embalagem, que após sua redefinição, sanou o problema da baixa venda da bebida. O pesquisador, além das pesquisas sobre bebidas, tratou da carne enlatada, na a qual a impressão de ramos de cheiro verde lhe conferia frescor; verificou pacotes de raviólis desenhados, que não tinham aceitação pelo público, o qual preferia a impressão de uma foto dos raviólis na embalagem. Ele analisou o fato de imprimir no rótulo dos sorvetes a frase “agora com raspas maiores de chocolate” e chegou a conclusão que os consumidores preferem pagar uns centavos a mais para terem rótulos mais pomposos. Quanto ao mundo do design o texto nos mostra a história da cadeira que foi desenvolvida nos melhores padrões que qualidade, mas que não emplacava nas vendas, embora todos os que participaram dos testes a achassem confortável, a achavam esquisita, feia, enfim. No entanto seu criador apostou na sua comercialização mesmo sem a aprovação do público, o que, para o seu espanto, em função de ser muito bem vista ao segmento de designers de vanguarda, lhe rendeu um prêmio e muita gente querendo copiar seu projeto. A cadeira, que inicialmente fora mal vista, virou um sucesso. Achamos o desconhecido ou diferente feio, como o piloto mordaz que foi mal visto pela rede ABC de TV e a moça que pensava, não em constituir família, mas alavancar sua carreira em outra série da mesma emissora. Ambos foram mal avaliados nas pesquisas de opinião. Tais personagens somente foram ao ar porque o presidente da emissora gostou deles e resolveu correr os riscos, o que não aconteceu com o músico Kenna, pois mesmo sabendo de seu valor, não “apostaram” nele. O caso da pesquisa lembra o autor do almoço com duas especialistas em comida, que avaliaram em outro momento geléias de morangos. A mesma tarefa foi dada a estudantes e o resultado dos três primeiros lugares foi quase idêntico, pois os estudantes inverteram o primeiro e segundo lugares e acertara o terceiro. Isto nos mostra que os especialistas também se enganam, como o que aconteceu com o caso Kenna. Depois de idas e vindas o músico lançou um álbum e abria o show de uma banda, tocando por 35 minutos. O público não o conhecia, tão pouco percebia que ele iria tocar, Mas ao ouvir sua música por alguns minutos se interessava por ele. Kenna, então passou a ser sucesso.


CAPÍTULO VI: Sete segundos no Bronx: a delicada arte de ler a mente.

Este capítulo conta o a história de um imigrante pobre, que veio da Guiné e se instaurou no Bronx, um bairro periférico de NY para o qual vão pessoas que querem pagar pouco e estar próximas ao acesso de transportes. Diallo tinha 22 anos e foi confundido com um assaltante, pois estava apavorado, com medo de ser assaltado, bem como passara um amigo dele. Desta forma, o rosto do rapaz que mostrava medo, foi confundido com outras expressões, bem como o ato de entregar sua carteira para os policiais à paisana, fora confundido com uma arma. O rapaz morreu alvejado por 41 tiros. O autor vai tratando da leitura que fazemos, sem saber que fazemos, dos rostos das pessoas, bem como de seus trejeitos. No entanto, esta capacidade fascinante que temos de ler os outros, quando feita sob pressão pode ter efeito contrário, é o caso de Diallo e de outros relatos de policiais que agiram sob pressão. É muito comum, quando estamos acuados que cometamos três erros clássicos: pré-julgar, com base em nossas experiências e cultura; não analisar as expressões ou fazer isto de forma inadequada; e, por último, deduzir as intenções e motivações dos outros com base apenas no que vemos, de forma alterada. A questão de ver de forma alterada se remete ao fato de que sob pressão, com pouco tempo, ou pouca luminosidade, por exemplo, não conseguimos fatiar fino, tão pouco, ler rostos e mentes, ficamos como o paciente autista do psicólogo Simon Baron-Cohen, um cego para mentes. O psicólogo trata de Klim desde pequeno, alega que ele e é um homem brilhante, mas que como não se concentra em pessoas, não conhece seus rostos, tão pouco suas mentes, o que realmente importa a ele são as palavras. Ele não mantém contato visual, o que ficou provado com a experiência com o filme, na qual Klim tem um mapeamento de onde olha em cada uma das cenas do filme que lhe é apresentado. E em uma cena de amor, que chama atenção da maioria das pessoas, ele olha para o interruptor de luz, ou quando lhe mostram um quadro e não usam o definem com palavras. As palavras são tudo para Klin e seu mundo é literal ele não consegue ler mentes nem faces. Segundo o autor do livro, quando um policial atira em alguém ele pode sofrer um autismo momentâneo, e isto é um problema, pois em uma hora que é necessário toda a concentração deixamos de ser inteiros pela pressão que sofremos e nosso cérebro, a magnífica máquina, dá sinais de humanidade. Na conclusão de sua obra Gladwell trata do pré conceito que Abbie Conant sofreu por ser mulher e tocadora de trombone, a qual, ao ser invisível despertou a frase “é o artista de que precisamos” na audição da Filarmônica de Munique, mas quando seu sexo fora revelado gerou um reboliço e inúmeras idas e vindas na Filarmônica até que Abbie conquistasse, judicialmente se lugar.


MEUS COMENTÁRIOS ACERCA DA OBRA


Ao iniciar a leitura da obra já fiquei fascinada, pois trabalho com a comunicação diariamente e defendo o ponto de vista de que um texto ou um comunicado vem atrelado a muitas outras coisas que não só o verbo. Aprendi que “fatiar fino” faz parte de nosso cotidiano, de forma que vamos fundo no autoconhecimento e no conhecimento do outro, damos importância a pequenos trejeitos e mudanças de fisionomia de milésimos de segundo e o pior, que fazemos tudo isto e não sabemos como, tão pouco sabemos explicar como este processo acontece em nossa vida. Outro ponto importante e que realmente marcou minha maneira de ver o mundo é a falta que este conhecimento e esta prática nos faz quando necessitamos de dados específicos e eles nos falham. O olhar para o mundo, e ter intuição sobre uma obra, uma pessoa, um ato, implica, inevitavelmente em deixarmos vir à tona nossas culturas e preconceitos. O próprio autor do livro contou quando fez os testes que o levaram, mesmo sendo de origem negra, por sua mãe ser jamaicana, a atrelar a criminalidade com a figura de um negro, assim como os policiais atrelaram a criminalidade a Daillo, um jovem apavorado, com medo de ser assaltado, foi alvejado por 41 tiros, realizados em pleno momento de autismo momentâneo e coletivo vivido pelos três policiais. Se estratégias de guerra, escolha de uma pessoa pública, seleção musical, conhecimento do tempo de vida unida de um casal e outros exemplos tratados no livro podem ser previstos com um olhar, ainda que pequeno, as estratégias para nossa vida e nossa profissão também pode. Um exemplo disso é alguém que confia em seu olhar específico ou na sua capacidade de fatiar fino para, por exemplo, investir na bolsa de valores, acertar negócios, firmar parcerias, apostar em algo que sentiu que daria certo. Obviamente que na vida não podemos dar tiros no escuro, mas é possível que, depois de todo o conhecimento, da importância de fatiar fino, levemos em consideração o fato de que nosso cérebro se adianta em nossas impressões, na leitura da situação. Se soubermos dar atenção ao que ele nos faz sentir, tudo em nossa vida ficaria mais simples, desde saber se podemos ou não confiar nas pessoas, apostar em um novo negócio, entender nosso parceiro de trabalho, nosso companheiro amoroso, enfim, autoconhecimento.. Abbie revolucionou o mundo da música, pois o que acreditava era que mulheres não podiam nem deviam tocar bem, no entanto, depois que as audições tornaram-se às cegas, quintuplicou o número de mulheres na musica clássica. Por meio da promoção de mudanças como esta podemos promover mudanças no mundo como um todo, pois o mundo da música clássica não só ouvia a música tocada pelas pessoas, mas lia as próprias pessoas e algumas pareciam mais do que realmente eram. Para mim, BLINK foi uma lição de vida e acredito que fora para todos os que se debruçaram em sua leitura. Todos nós sentimos este tipo de sensação, de aprovação ou repulsa por algo, mas que deixamos de lado por achar que se trata de uma ideia pré concebida e não paramos para pensa que este pensamento é justamente um preconceito que temos com o mundo em que vivemos. Somos dotados de inteligências e de percepções, no entanto, quanto mais o tempo passa, mais acreditamos que estas percepções devem ser deixadas de lado. BLINK me fez parar e pensar no que eu sinto não só abrir os olhos, como deixar com que os sentidos que temos dêem a direção de nossos atos e trabalhem para que sejamos vencedores, realizados e felizes.


DICA: Nada melhor do que ler um resumo ou resenha é ler a obra na íntegra... e tirar suas prórias conclusões.

Um comentário:

  1. AVANÇANDO NA EVOLUÇÃO, A RAZÃO INTELECTUAL CEDE LUGAR À INTUIÇÃO, EXPRESSÃO MAIS PURA DO "EU SUPERIOR" OU "CENTELHA DIVINA" EM NÓS.

    Li sua resenha e busquei na web uma explicação espiritual para o termo "intuição". Penso que a frase acima diz tudo. Ela está contida no artigo 'O reino de Deus está dentro de nós', de de Américo Domingos Nunes Filho. O artigo pode ser lido na íntegra no site O Consolador.
    abraços

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